Prefeituras de cidades brasileiras, como é o caso de alguns municípios do estado da Bahia, estão no radar de facções criminosas. Isso porque, segundo informações divulgadas pelo jornal Estado de São Paulo, grupos como Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho (CV) se infiltraram nas gestões para capturar contratos milionários.
A princípio, a ação dos criminosos figurou em investigações também em locais como São Paulo e Ceará.
A intenção é conquistar oportunidades de novos lucros, além de ‘lavar’ dinheiro do tráfico de drogas em atividades lícitas, segundo informações do Estadão. Uma das gestões inclusive teve o pagamento milionário de uma prefeitura, por meio de contratos aditivos, para empresas de transporte ligadas ao crime, divulgada.
Na Bahia, indivíduos do crime, que atuam no CV, criaram organizações para eleger vereadores e influenciar a política em cidades por meio de contratos milionários com o poder público, como o que já faziam no Rio de Janeiro e na Baixada Fluminense.
A reportagem destaca que as três principais preocupações das autoridades em relação à ação das facções nas eleições são: financiamento ilegal de candidatos ou partidos, candidaturas de integrantes de facções ou de pessoas ligadas a elas, e ainda a capacidade de coagir eleitores a votar em candidatos apoiados por essas organizações.
O jornal Estado de São Paulo aponta também que Integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) e do Comando Vermelho, para as facções, ao contrário das milícias, não é o domínio do poder local que está em jogo, mas a oportunidade de obter novos lucros e lavar o dinheiro do tráfico de drogas em atividades lícitas. É por isso que o apoio a candidatos a vereadores e a prefeitos é mais importante do que eleger deputados e senadores.
No Brasil, o crime organizado está presente no cotidiano de 48 milhões de pessoas, segundo estimou a pesquisa Latinobarômetro, de 2020. No Estado de São Paulo, integrantes da Sintonia Final do PCC, o órgão máximo da direção do grupo, estão entre os acionistas de empresas beneficiadas por repasses milionários do poder público, conforme mostram documentos e contratos analisados pela reportagem. Os bandidos estabeleceram ligações, segundo os investigadores, com políticos de quase todos os partidos, da esquerda de centro e à direita.
Enquanto no Rio a Justiça eleitoral procura barrar as candidaturas ligadas ou financiadas pelas organizações criminosas, em São Paulo, o PCC começou a impor vetos à presença de cabos eleitorais de políticos adversários em comunidades dominadas pela facção na eleição de 2020 em cidades como Campinas e Praia Grande. Para os investigadores, esse é um processo que pode se ampliar nas periferias em 2024.
Jornal Estado de São Paulo/RedeGN – Foto Agencia Brasil